Rádio Marginal

16/03/20

CANCELAMENTO 29º Encontro AASM 2020

Por informação dos organizadores, e devido ao surto de Covid-19 o nosso 29º Encontro de Antigos Alunos Salesianos de Moçambique é cancelado.
Haverá dentro de dois dias um contacto com o Sr. Director do Colégio Salesiano de Mogofores para lhe dar conhecimento do cancelamento e para se saber da possibilidade de poder vir a ser realizado ainda este ano.
Assim que souber mais alguma coisa já vos passo a informação.
Bem hajam... e defendam-se da pandemia.
Obrigado.


2 comentários:

Unknown disse...

Afinal a construção do Estádio Salazar era para acolher a independência nacional?

Jacinto Gabriel Sitoe, jgsitoe@gmail.com, +258 843994948.
(Oitomarcista e ex-estudante na RDA)
Maputo, 22 de março de 2021



A minha família mudou-se para o bairro do Infulene em 1966, ida de Chamanculo. Vivemos, primeiro, na rua F numero 6, mesmo próximo a estrada que liga o bairro de Jardim e o nó da Machava. Era casa do tio Paulo Macuacua. Meses depois nos mudamos para o outro lado da estrada, KA CHITCHAMBALE, onde havia uma quinta dos padres (pertencente ao seminário PIO DECIMO??). Ainda me lembro do sr. Macaringue que era o guarda dessa quinta. Lembro-me também que regularmente, iam seminaristas para la e faziam machamba. O meu pai (Gabriel Magno Sitoe ou Boavida Sitoe) as vezes ficava horas e horas a conversar com eles. Alguns desses seminaristas eram do Norte, onde meu pai tinha vivido uns 10 anos, na ilha de Moçambique. Ele ate falava macua. A nossa casa estava junto a essa quinta. Para comprar pão e outros produtos, tínhamos que passar a quinta, atravessar a estrada alcatroada, passar pelas ruas F, G, H, I e J e chegar ao mercado do Infulene. Junto ao mercado estavam as lojas do Sampaio, Ladeira, a Panificadora Santa Isabel, o talho e as cervejarias onde tocavam os gira-discos automáticos JIBOXES ao som da marrabenta, ximandgemandge, sungura, etc.

Mas e sobre o estádio Salazar que quero falar. Vivendo no KA XITCHAMBALE, muito perto do local onde o estadio estava a ser construído, lembro-me de ver uma infindável fila de trabalhadores, que, ao despegarem ao por do sol, passavam da minha casa para as suas casas, sem la eu aonde. Talvez na Machava, Matola, Golozuene, tudo isso no poente. Eram muitos mesmo. O rio infulene estava próximo a nossa casa. Estavamos portanto no vale do rio. Havia muitas hortas nas rendondezas e também muito canadoce. A minha mae(Beatriz Matusse), que cedo aprendeu a destilar caju em chibuto-Maivene, fazia algumas bebidas em casa como o ximovana, o uputso, maheu, ucanhe, e outras. Alguns desses operários, quando passavem da minha casa, já que ficava a beira do caminho, paravam e acotovelavam-se para limpar a garganta e reanimar-se para a caminhada para as suas casas. A banhe (lata de azeite) estava a 1 escudo.
A inauguração do estádio Salazar foi por mim presenciada. Sabia que foi em 1968 mas não sabia que foi a 30 de Junho. Lembro-me de um mar de carros por todo o lado. Não havia espaço para sequer uma formiga se mexer. Eram tantos carros e tantos brancos a caminharem para o estádio. Eram tempos em que se falava do tal branco mau, o GUIGUISSEKA, que aliciava crianças com xidonçana (rebuçado) e depois pegava e metia no tal carro dele feio e velho. Nunca mais se viam as tais crianças que ele levava. Assim nos proibiam de aceitarmos rebucados de brancos. Nesse mesmo dia, lembro-me de estar a caminhar e um branco me dizer ola rapaz, e eu desatar a correr, por medo do guiguisseka.
Havia muito movimento no bairro do infulene que tinha começado de madrugada. Lembro-me de ao entardecer ter visto fogo de artificio (paixões), a sair do interior do estadio. Lembro-me de centenas e centenas de latas de cerveja Laurentina e 2M espalhadas por todo o lado.

Jacinto Gabriel Sitoe disse...

Depois disso, fui crescendo, e sozinho ja conseguia ir assistir a jogos de futebol. Ate la para os anos 1979. Aquela zona de KA XITCHAMBALE, em 1970 todos os moradores foram tirados e a maior parte foi reassentada no bairro 3T que era mato, nas redondezas na cadeia central. Começaram a fazer estradas que ate fora alcatroadas. Meu pai, adquiriu um talhão na Unidade C Talhao 66, hoje bairro Acordos de Luzaka. Contruiu uma casa seguindo a planta que adquiriu da Camara Municipal da Vila Salazar na Matola. A construção da casa durou 5 anos. Da minha casa fui muitas vezes ao estádio Salazar e ao estádio da Machava. Quando se da o galpe de estado em 25 de Abril de 1974, eu estudava no 1 ano do ciclo preparatório da Escola Preparatória de Salazar na Vila Salazar na Matola. No Infulene estudei na escola preparatória Dr. Veiga Simão (o fundador da universidade de Lourenço Marque). Alguns dos meus colegas foi o Professor Doutor Francisco Noé, que foi reitor na UniLuri(ate 2019?).
Estádio Balazar acolheu as grandes reuniões e vigílias que antecederam a proclamação da Independência Nacional, também naquele local. Eram multidões e multidões que la se juntavam, depois de abril de 1974. Eram rezas e orações e manifestações e cancões. Foi a primeira vez que ouvi a cancão HOSI KATEQUISSA AFRIKA. No dia da independência, porque foi a noite, não fui permitido ir assistir. O meu pai foi. Mas já no dia seguinte, estive la com pompa e circunstancia. Fui um dos jovens que abrilhantaram a festa da independência nacional com a ginástica rítmica, que durante meses que antecederam aquela data, tínhamos ensaiado com a direção de norte coreanos que para tal tinham vindo a Maputo para treinarem os alunos dos cursos preparatórios na altura (Matola, General Machado, Liceu Salazar e António Enes, Manuel de Araújo, Noroeste).
O tal local, KA XITCHAMABLE, nas redondezas do estádio da Machava, está hoje o bairro JARDINS DA MACHAVA(????). Foram erguidos alguns empreendimentos económicos como condomínios e fábricas (POLITEJO).

Afinal a construção do estádio Salazar era para acolher a independência nacional?

Consulta:
***** Antigos Alunos Salesianos de Moçambique *****: Resultados da pesquisa para machava (cdbosco-lm.blogspot.com)